Ilha do campeche

   Um verdadeiro “Museu a Céu Aberto”, assim tem sido chamada Ilha do Campeche localizada a Sudeste de Florianópolis. Os vestígios de uma Arte esquecida pelo próprio tempo ficaram gravados nas rochas da paradisíaca ilha onde foram catalogados 14 sítios arqueológicos, sendo 167 sinalizações rupestres, além de nove oficinas líticas utilizadas pelos artitas da pré-história para afiar, produzir e polir seus instrumentos de trabalho.
   O estilo e a técnica usada na confecção dos desenhos gravados na rocha escura e de superfície lisa, o diabásio,  sugerem que os autores da obra pertenciam a mesma cultura que deixou sinais espalhados em boa parte do litoral sul do estado de Santa Catarina. Os petróglifos foram esculpidos  segundo os pesquisadores utilizando a  técnica de abrasão(polimento) ou ainda segundo Comerlato(2005) picoteamento, raspagem ou incisões finas feitas nos diques de  diabásio também chamado "Pedra Ferro".
   O padre arqueólogo Alfredo João Rohr é a grande referência no estudo destes complexos desenhos onde predominam as formas geométricas e raramente representações antropomórficas e zoomórficas. O que se sabe é que a região foi habitada por três tradições diferentes em tempos remotos, sendo estas os povos caçadores e coletores, os Itararés e os Carijós. Os estudos de Rohr e do jesuíta Pedro Ignácio Schmitz apontam para a cultura Sambaqui a responsável pela realização dessas obras rupestres, aludindo ao fato que esses povos fabricavam instrumentos líticos. Por outro lado estudiosos que tentam fazer uma nova interpretação da arte pré-histórica do litoral catarinense apontam coincidências entre as inscrições encontradas nos petroglifos e a cerâmica Guarani. Também o pesquisador autodidata Keler Lucas tem contribuído no estudo e na catalogação desses vestígios históricos. O mesmo vem aludindo que os petroglifos possuíam funções místicas, religiosas e astronômicas para esses antigos habitantes do litoral do estado. Também alerta para dificuldade de se estudar alguns desse sítios devido ao estado de conservação. Sobre esse fato citamos Rohr(1969):
Os petroglifos sofrem constantes agressões, que vão desde caminhar pôr sobre as inscrições, riscar o petroglifo com um pedaço de pedra, pichações com tinta óleo; até explodir os paredões cobertos de petroglifos na busca de tesouros “ .
   A Ilha do campeche visitada pelo Grupo Manoa nesse mês de outubro foi tombada pelo IPHAN ( Instituto do Patrimônio Histórico e Nacional) em julho de 2000, ali está a maior quantidade de monumentos rupestres litorâneos do Hemisfério Sul com 167 símbolos, seguido da Ilha dos Corais com 132 figuras e da Praia do Santinho com 110 figuras.
Wlademir Vieira- Grupo de Estudos Manoa







Referências:
ROHR, João Alfredo. (1969). Petroglifos da Ilha de Santa Catarina e Ilhas Adjacentes. São Leopoldo: Instituto Anchietano de Pesquisas.
Cadernos da Ilha. Ano 1. n°1. Florianópolis outubro de 2002.
 GASPAR, Maria Dulce. Os ocupantes Pré-Históricos do litoral Brasileiro. In: TENÓRIO, Maria Cristina. Pré-história da terra Brasilis. Rio de Janeiro: UFRJ Editora, 1999. 

Comentários

Fernanda Durão disse…
Olá!

É muito interessante o vosso site!

Tenho BOAS NOTICIAS para quem quiser ir em busca (E ENCONTRAR) as duas Cidades procuradas pela Expedição Fawcett!

Fernanda Durão
Lisboa
geogliphyworks@gmail.com

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