Feriado de Páscoa no Monte Crista - Garuva/SC


Em feriado de Páscoa, dias 2, 3 e 4 de abril, é quando a região do Monte Crista, famoso por suas lendas e superstições, recebe o maior número de acampamentos no ano. Ao todo, chegou-se a registrar aproximadas 400 pessoas, e entre estas pode-se citar de belas famílias, crianças, idosos, escoteiros, atletas, pesquisadores, hippies, cachorros à espíritos de porco. Desde os que tem pretensão a um descanso do trabalho, um retiro religioso, uma aventura, aos que almejam um carnaval fora de época.


O cenário lembra um Woodstock, são centenas de barracas espalhadas pelos belos campos de altitude. O barulho é imenso, uivos, gritos, berros, foguetes, parecem botar garganta á fora toda a angústia e opressão que os sufoca na grande cidade.
Sendo os motivos os mais variados, o objetivo, acredita o autor do texto, é o mesmo para todos (o contato com a natureza). Aqui onde abro parênteses é para frisar que a noção de “contato com a natureza” varia muito de pessoa para pessoa. Mas, acredita-se que, ninguém estaria disposto a percorrer exaustivas e árduas oito a dez horas de caminhada morro acima se não sentisse, por mais leve que fosse, uma atração pela grande mãe natureza, que se manifesta desde uma noite fria em pleno verão a um banho de cachoeira.

O que nos falta entender é como pode-se cuspir no prato que se come (que o chapéu vista a quem couber). Vidros de bebida das mais variadas marcas e gostos são deixados muitas vezes quebrados pelo chão. Latas e mais latas, plásticos e colchões são deixados à sorte nos campos de altitude. Daria para montar um centro de reciclagem no pé do morro e viver ás custas deste. Não esquecendo que, há muitos que imaginam que empenhados funcionários da prefeitura, dos serviços de saneamento, passam semanalmente por lá para recolhem a sujeira deixada pelos campistas nos feriados, muito lixo. Quanta ingenuidade.


Ao subir a trilha, infelizmente não nos deparamos mais com macacos, cutias, arapongas ou palmitos. Mas com embalagens metálicas e reluzentes de chocolates, bolachas, doces e refrigerantes. Já anunciando aos menos avisados, o espírito de páscoa.

Ao me deparar com gigantescas fogueiras, pude perceber o motivo de não haverem mais árvores frondosas, sombreiros ou vegetação exuberante pela região dos acampamentos e arredores, pois, a disputa por um bom pedaço de tronco (já raro nos entornos) é grande. Até as nascentes dos principais rios da região sofrem uma leve alteração nas suas cores e propriedades. Culpa dos extravagantes condicionadores de cabelo e sabões corporais.

Logo, se nossos aventureiros de finais de semana santos não observarem suas atitudes desmedidas, serão monitorados dia e noite, usarão pulseiras de identificação, marcados como o gado. Não muito distante ainda corre-se o risco de proibição de acampar onde se deseja, locais estes que serão delimitados conforme critérios. Não mais poderão se aproximar de nascentes ou cachoeiras, tampouco carregarem seus facões e fósforos, pacotes de bolacha e lonas, ou mesmo de soltarem seus gritos e uivos, foguetes e rojões.

A cidade vai sufocá-los mais ainda e nos finais de semana não terão mais recantos naturais abertos a recebê-los. Quem sabe na tela do computador um descanso de tela em forma de cachoeira com um copo e uma garrafa de bebida pra acompanhar?!

Comentários

Unknown disse…
É uma pena ver o comportamento de alguns.
Pretendo subir o Monte Crista e como não conheço a trilha vou no feriado da páscoa 2017.
O texto foi muito útil para saber o que vou encontrar lá.

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