Expedição Ilha de Santa Catarina
Nos dias 7, 8 e 9 de setembro o Grupo Manoa realizou nova saída de campo com objetivo de pesquisar e coletar dados para o projeto que visa o levantamento dos sítios com potencial arqueológico localizados no litoral do estado de Santa Catarina. O destino da expedição foi a Ilha de Santa Catarina, município de Florianópolis, capital do estado.
Ainda na parte continental de
Florianópolis visitamos as pedras do
Itaguaçu, cenário inspirador dos contos do escritor folclorista Franklin Cascaes, que narrou histórias sobre bruxas e boitatás que fazem parte do imaginário local. Localizadas em uma praia urbana de águas tranquilas como um lago, porém impróprias para o banho, o curioso círculo de pedras que ficou conhecido como o "salão de festas" das bruxas do Itaguaçu recebeu este nome dos carijós que denominavam Itaguaçu, do Tupi - Guarani Ita = pedras e Guaçu = grande, a formação de uma grande rocha dentro da água. Atualmente esta formação rochosa tem sido estudada do ponto de vista da
Arqueoastronomia.
Partimos em direção ao sul da
ilha onde visitamos o costão do Morro das Pedras onde identificamos vestígios de oficinas líticas na
forma de bacia de polimento. Ainda no local fomos surpreendidos pela presença
de duas baleias que muito próximas a costa chamavam a atenção de todos que
passavam. Na época de reprodução e amamentação
dos filhotes, os cetáceos podem ser
avistados desde o Cabo de Santa Marta em Laguna até o sul da Ilha de Santa
Catarina.
Aproveitamos o final de tarde do
ensolarado feriado de 7 de setembro para visitar o costão rochoso do Pântano do
Sul onde localizamos uma verdadeira
estação lítica da pré-história. São
vários conjuntos de amoladores e
bacias de polimento, muitas em estado precário de conservação devido a falta de
cuidados que ainda se tem no estado com este importante vestígio
arqueológico presente em quase todo o
litoral de Santa Catarina.
No Sábado, 8 de setembro a
expedição parte bem cedo na direção norte da Ilha onde fomos atrás dos monumentos megalíticos da Barra da Lagoa. Nossa primeira parada foi
na Fortaleza da Barra onde está localizada a sede do IMMA – Instituto
Multidisciplinar de Meio Ambiente e Arqueoastronomia. Lá fomos recebidos pelo pesquisador e
antropólogo Adnir Ramos , hoje sem dúvida o maior perito em
arqueoastronomia do estado de Santa Catarina.
Após conhecer a coleção de artefatos do IMMA no museu de Arte Rupestre que está
localizado junto a sede do instituto, iniciamos a trilha da oração guiados pelo
Sr Adnir que é o proprietário das terras onde está localizado o parque das pedras
sagradas. Atrás da residência do
pesquisador avistamos o primeiro conjunto de rochas denominados de plataforma
de observação astronômica. Em seguida
conhecemos o museu dos brunidores rupestres e continuamos por uma trilha
subindo em direção ao topo do Morro da Galheta, onde em um pequeno platô situado
no ponto mais alto encontramos a formação rochosa denominada “dólmem da oração” . A palavra dólmem vem do antigo Bretão e corresponde as mesas de pedra que eram utilizados pelos povos megalíticos em rituais, tinham muitas vezes função astronômica, como o dolmém
da oração que servia para marcar a passagem do sol no trópico de capricórnio
para quem observa o nascer do sol no solstício de verão em cima da plataforma
localizada no início da trilha, explica Adnir Ramos que há muitos anos vem
estudando a relação das pedras sagradas com o astros celestes.
Continuamos a caminhada e para nossa surpresa nos deparamos com um magnífico conjunto de pedras que formam um verdadeiro observatório astronômico pré-histórico. Trata-se de várias pedras sobrepostas alinhadas em diferentes orientações que servem para observação dos solstícios e equinócios.
Continuamos a caminhada e para nossa surpresa nos deparamos com um magnífico conjunto de pedras que formam um verdadeiro observatório astronômico pré-histórico. Trata-se de várias pedras sobrepostas alinhadas em diferentes orientações que servem para observação dos solstícios e equinócios.
Seguimos em direção ao caminho dos Reis e
logo avistamos um grandioso menir que se destaca na belíssima paisagem em meio
a cobertura de Mata Atlântica. Caminhando pelo milenar caminho encontramos uma
gravura rupestre muito interessante. Trata-se de uma inscrição que se
diferencia das outras conhecidas no
litoral do estado. Ao invés dos
tradicionais traços geométricos comuns
nas gravuras rupestres do litoral catarinense, esta apresenta traços que
lembram um caractere em forma de “Y” seguido de pequenas cúpulas esculpidas na rocha. O morro da
Galheta da acesso as praias da Galheta e praia Mole onde existem várias
oficinas líticas e inscrições rupestres.
Continuamos viagem pelo
verdadeiro museu a céu aberto da Barra da Lagoa. No costão rochoso
chegamos ao espetacular monumento
rochoso conhecido como Pedra do Frade. Trata-se de um importante megálito que
está relacionado com o solstício de verão. Durante o fenômeno que marca o
início do verão no hemisfério sul, pode -se observar o nascer do sol entre as
rochas. Nas proximidades deste monumento existem alguns petroglifos que indicam
que houve presença humana no local em tempos remotos.
Sol nascendo no Solstício de Verão,
22 de dezembro de 2007. Foto de Alexandre Amorim |
O domingo era para ser chuvoso
conforme a previsão. No entanto a chuva não veio e o céu parcialmente nublado
facilitou nossa caminhada pelo costão rochoso do Pântano do Sul, onde havíamos
estado na sexta-feira e decidimos voltar
para encontrar sinalizações nas pedras
que deixamos de ver devido a chegada da noite que intenrompeu nossa pesquisa naquela oportunidade. Desta
vez caminhamos bastante pelo alto do morro, primeiro seguindo por uma
estrada de chão batido e depois pelas trilhas que margeiam as encostas
dos morros e descem para o costão rochoso.
Já bem distante da praia, encontramos duas enormes fendas formadas pela
erosão marinha. Conseguimos entrar por
uma delas, sendo esta a maior passagem que começa em uma grande abertura e vai afunilando até onde existe uma pequena abertura que leva para o interior da gruta.
Ainda no costão próximo a “toca do índio” existe uma rocha com uma sinalização que lembra uma pegada humana. Estas marcas conhecidas por “fincapés” existem em vários pontos do litoral brasileiro e são muitas vezes atribuídas a Sumé, lendário civilizador branco que em tempos remotos ensinou técnicas de agricultura e pesca aos povos nativos que viviam no litoral. Mais tarde os colonizadores europeus identificaram esse personagem como o próprio apóstolo Tomé, que teria vindo a América com a missão de evangelizar os índios.
No começo da tarde de domingo, 09 de setembro nossa equipe encerra a expedição com belíssimas imagens e lembranças deste lugar tão encantador que recebeu o título de ilha da Magia.
Agradecimentos: Jefferson Lemes( Tekoa Bike Express), Camila Silvello, Adnir Ramos (IMMA).
Equipe de Campo: André Almir Kaestner, Tiago leal e Wlademir Vieira.
Fotos e vídeos : Wlademir Vieira
Visite o site do IMMA: http://www.immabrasil.com.br/arqueoastronomia.html
Ainda no costão próximo a “toca do índio” existe uma rocha com uma sinalização que lembra uma pegada humana. Estas marcas conhecidas por “fincapés” existem em vários pontos do litoral brasileiro e são muitas vezes atribuídas a Sumé, lendário civilizador branco que em tempos remotos ensinou técnicas de agricultura e pesca aos povos nativos que viviam no litoral. Mais tarde os colonizadores europeus identificaram esse personagem como o próprio apóstolo Tomé, que teria vindo a América com a missão de evangelizar os índios.
No começo da tarde de domingo, 09 de setembro nossa equipe encerra a expedição com belíssimas imagens e lembranças deste lugar tão encantador que recebeu o título de ilha da Magia.
Agradecimentos: Jefferson Lemes( Tekoa Bike Express), Camila Silvello, Adnir Ramos (IMMA).
Equipe de Campo: André Almir Kaestner, Tiago leal e Wlademir Vieira.
Fotos e vídeos : Wlademir Vieira
Visite o site do IMMA: http://www.immabrasil.com.br/arqueoastronomia.html
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